quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A concepção de Paulo Freire para a Educação

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Suelem Cristina da Silva Gomes*


Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família e com 10 anos de idade, a família mudou para a cidade de Jaboatão. Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa e com 22 anos de idade começou a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a Faculdade de Direito casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa teve cinco filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com alfabetização de adultos. Em 1958 participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro, apresentou um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização.
No começo de 1964, foi convidado pelo Presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização e logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares. Viveu no exílio no Chile e na Suíça. Suas principais obras foram: A propósito de uma administração, Conscientização e alfabetização, Educação como prática da liberdade, Pedagogia do Oprimido, Educação e Mudança, A educação na cidade, Pedagogia da esperança, Política e educação, Cartas a Cristina, A sombra desta mangueira, Pedagogia da indignação, Educação e atualidade brasileira e Pedagogia da Autonomia que é a obra que iremos retratar.

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* Acadêmica do 6º semestre do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Amapá – UEAP.


A concepção de Paulo Freire para a Educação

O educador brasileiro Paulo Freire em seu livro “Pedagogia da Autonomia” saberes necessários a prática docente. Trata como temática principal da obra uma ampla reflexão sobre a educação crítica, logo o professor necessita de alguns saberes fundamentais e inerentes a sua ação educativa, até mesmo os educadores mais conservadores, pois estes usam tais saberes querendo ou não, porém qualquer que seja a linha filosófica do docente esse deve levar sempre em consideração a autonomia do discente.
Freire no primeiro capítulo da referida obra “não há docência sem discencia” traz como problemática o seguinte: o educador não é o soberano do conhecimento, logo ensinar não é transferir conhecimento, pois na ação do professor – aluno ensina-se e aprende-se ao mesmo tempo, pois o docente leva consigo o conhecimento científico e o discente o empírico (conhecimento popular) que foi construído socialmente por isso deve ser respeitado. Professor e aluno devem contribuir para o aprendizado mútuo evitando o tradicionalismo, criando a dialogicidade para que não caiam na “concepção bancária da educação”, onde o aluno apenas recebe o conteúdo não interferindo com o seu conhecimento.

O referido autor no segundo capítulo de seu livro “ensinar não é transferir conhecimento”, o tema problema ocorre no que se refere ao conteúdo do sub tema acima citado, pois para Freire o professor deve aceita-lo como o conceito fundamental de sua profissão, sendo esse profissional crítico e também deve criar meios para que a educação aconteça, estando sempre à disposição dos alunos para o diálogo, ou então manterá o modelo “conservador-tradicional” que tem como ponto de chegada a educação “bancária”.
Paulo Freire diz que a mudança é difícil, porém é possível e que os educadores devem promove-la através de atitudes de compromisso com a educação, com a ética e etc. Não aceitar a ideologia a eles imposta, ter a consciência de levar em consideração quem vive alienado, jamais perde a esperança na educação, pois ela ainda é a melhor maneira de mudar o quadro social de um País. O professor necessita da reflexão que ele é humano tanto quanto seus alunos, logo são seres sociais, históricos, inacabados e etc.

Na terceira parte de seu livro Freire diz que “Ensinar é uma especificidade humana” e traz como temática o próprio homem um ser histórico, cultural, social, inacabado e etc. Possuidor da capacidade de ensinar atributo este que o diferencia dos outros animais e através disto ele pode intervir no mundo, por outro lado o autor é mais específico e traz tal capacidade de ensinar para o Ensino e ao mesmo tempo propõem certas indagações como: como está o ensino? Está se levando em consideração o conhecimento dos discentes? E a sua curiosidade?
O aluno não deve duvidar de sua capacidade, autonomia, necessitando de sabedoria sobre o mundo o qual faz parte, educador e educando seres sociais compartilham um mundo em comum e devem se unir para impentar as ideologias, promover as mudanças criando uma sociedade mais justa, humana, algo que conseguisse através da educação consciente e comprometida.



O educador Paulo Freire em seu livro “Pedagogia da Autonomia” levanta temáticas educacionais as quais são expostas e debatidas no decorrer dos capítulos de tal obra. O autor nos leva a refletir sobre a nossa condição de ser humano como ser histórico, social, cultural e que como homem e possuidor da capacidade de educar, devemos praticá-la para nós tornar seres mais éticos.
Não existe educação sem comprometimento, aliança ideológica, porém o estreito laço discente – docente deve ser fortalecido por atitudes consideradas simples como o diálogo, logo o aluno tanto aprende quanto ensina. Já a questão da mudança e difícil, porém necessária em tempos que o humano quase perde o seu significado. A mudança é a esperança de uma educação melhor, de pessoas melhores, portanto, nós educadores devemos promovê-la. Não podemos nos deixar envolver pela ideologia, globalização esta ultima que consegue nos dar soluções tão simplistas para casos tão sérios como a fome, a criminalidade, o desemprego e etc. Necessita-se urgente de um aluno autônomo que pense por si próprio que seja capaz de romper com as armadilhas da alienação.


A obra “Pedagogia da Autonomia” é de grande relevância para quem pretende atuar na educação em geral ou para ter uma certa noção sobre como ver o outro em sua essência, obra de cunho científico – literário perpassa aos anos e é a mais atual do que nunca e sua contribuição para a cultura é de valor inestimável.
Para ter um olhar humanizante perante o outro que na verdade é igual a todo e qualquer humano torna-se necessária uma reflexão sobre o meu agir para tornar o mundo mais ético, digno, com lutas como pede Apple (2003):

Organizando-se em torno de questões como liberdade de expressão, direitos trabalhistas, segurança econômica, direitos das mulheres, controle da natalidade e controle do próprio corpo, Estado nacional e regional socialmente consciente, justiça racial, direito a uma educação realmente igualitária e muitos outras lutas por justiça social, vários grupos lutaram por uma definição positiva e muito mais ampla de liberdade tanto dentro quanto fora da educação.

Logo torna-se necessário pessoas críticas, autônomas, não alienadas para lutarem por melhorias por direitos historicamente adquiridas e cabe a qualidade da educação que é repassada a massa popular garantir tais autonomias. Vale lembrar que a educação não ocorre apenas na escola, tanto professor quanto aluno aprendem no e com o mundo este que possa por tantas dificuldades que em suma maioria foram criados pelos humanos que esqueceram a essência de ser um animal racional capaz de amar, odiar, educar e etc.
Em tempos de capitalismo exacerbado, globalização, organizações estatais, etc. Faz-se necessário uma autonomia que fuja das ideologias que conviva com a realidade, não deixando que a mesma interfira no cotidiano. Ser professor a cada dia torna-se mais difícil, pois como explicar ao aluno a fome no mundo, sabendo que existem alimentos para supri-la, ou porque milhões de pessoas morrem anualmente de malária? Uma doença que tem o tratamento irrisório em valor, enquanto os maiores laboratórios do mundo investem maciçamente em pesquisa sobre remédios para a obesidade, rejuvenescimento, como explicar ao educando que quem morre de malária morre porque vive na África ou na América Latina e não dão lucro enquanto os grandes laboratórios trabalham para uma minoria detentora do capital.
Educar em dias atuais requer um verdadeiro comprometimento pessoal, espiritual, profissional e etc. nunca se deve esquecer que se educa para formar mentes e essas devem ser críticas, autônomas e independentes.











BIBLIOGRÁFIA

APPLE, Michael W. Educando a direita: mercados, padrões, Deus e desigualdades. São Paulo: Cortez; instituto Paulo Freire, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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